Nesses três anos venho juntando
o que da dor e do sorriso, sobrou,
das primaveras sem cheiro de flor.
Sinto-me assim...
Habitando um mundo cego de nariz,
uma estrangeira de corpo e de alma,
sobrevivendo e aprendendo
nessa vida que já esteve por um triz.
Hoje vejo os dias
tal qual uma montanha,
cheio de altos e baixos,
de caminhos acidentados
tornando tudo uma façanha.
O cume não habita
mais meus sonhos,
o que me importa
é a escalada,
a caminhada
e os limites
- evidentes e ocultos -
frutos do meu sofrido indulto.
Gratidão!
- continuo sem sentir cheiro nem sabor, anosmia... Mas estou viva.