Retomando o fio da meada...

Quando recebi o diagnóstico fiquei muito chocada, foi como se tivesse levado uma pedrada ou sido atropelada. A frase: ‘vou morrer’, já havia se tornado uma espécie de mantra. Mas com o decorrer dos dias fui aceitando a nova situação e refletindo sobre a vida. Eu estava sempre em último lugar. Tudo que era referente a mim, deixava para ‘depois’. Um ‘depois’ que nunca encontrava vaga na agenda.

Durante os ‘bodes’ das quimioterapias, tive tempo de rever minha vida, valores, prioridades, desejos. Superar cada efeito colateral foi como morrer para mim mesma e renascer mais forte e humana: como uma Fênix!

Vale ressaltar que extremamente importante foi o amor e o carinho que recebi da minha família, especialmente do meu marido que não deixou de me desejar e de me achar bonita mesmo quando parecia a "Fiona" do Sherek! Da mesma importância foi a companhia de meu marido em todas as consultas e quimios. Só durante o tratamento permiti e agradeci imensamente a presença dele, pois nessa época a memória fica prejudicada, assim se faz necessário a presença de alguem que possa comentar ou anotar algo importante... **Fora isso, acho desnecessário ir a médicos acompanhada, nos controles sempre vou sozinha.

Costumo dizer que se não fosse o câncer, teria vivido minha vida inteira como se nunca fosse morrer.


No último dia da quimioterapia (20/12/07), mandei para meus amigos a seguinte mensagem:

‘Foram seis meses de muita dor e beleza.
Um aprendizado profundo, especialmente, sobre quem sou eu e o que os outros representam para mim.
Conheci pessoas tão especiais que ‘se tudo tivesse dado certo’ não os encontraria.
Mas agora não posso mais viver sem eles.
Sem dúvida tem de valer viver, afinal paguei um alto preço para continuar aqui na Terra; só quem passou por essa experiência (surreal) pode entender a dimensão dessas palavras...